Nos dias 4 e 5 de maio, aconteceu na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, a sexta edição da CryptoRave, evento anual e gratuito com debates sobre sobre segurança, criptografia, hacking, anonimato, privacidade e liberdade na rede.

Da esquerda para a direita: Jamila Venturini, Renata Assumpção e Marina Pita
Para falar sobre a importância de proteger crianças e adolescentes nos ambientes digitais, no dia 4, Marina Pita, assessora de advocacy do Prioridade Absoluta e Jamila Venturini, pesquisadora da Rede latino-americana de estudos sobre vigilância, tecnologia e sociedade (Lavits) e integrante da Coalizão Direitos na Rede, participaram da mesa ‘Infância datificada e modulação comportamental’, com mediação de Renata Assumpção, coordenadora de comunicação do Prioridade Absoluta.
Para começar a conversa, Renata Assumpção citou o clássico Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley e leu um trecho sobre as salas de condicionamento em que crianças e adolescentes eram submetidos a uma infinidade de mensagens “até que, finalmente, o espírito da criança seja essas coisas sugeridas, e que a soma dessas sugestões seja o espírito da criança. E não somente o espírito da criança. Mas também o adulto, para toda a vida”. “Considerando a tecnologia e todas as possibilidades de coleta, tratamento e uso de dados que estão à disposição, a transformação da Internet em Hipnopédia, um instrumento modulador de pensamentos e comportamentos, como nos mostra Huxley, não é algo restrito à ficção. É um mundo novo, não tão admirável”, pontuou Assumpção.
Sobre a modulação comportamental da infância, Marina Pita explicou que “ela se torna mais eficaz quando se conhece minuciosamente as particularidades daquela criança. E com a tecnologia e a coleta de dados nos ambientes digitais isso se torna possível”. Ela também alertou que “todos esses dados coletados e esse desenho de quem é a criança estão indo para as empresas”.
Jamila Venturini fez um panorama sobre as discussões e políticas sobre a privacidade frente às tecnologias. E pontuou que, hoje em dia, “se por um lado, há a preocupação com a formação de consumidores de tecnologia, por outro há o interesse de acessar os dados comportamentais desses consumidores”.